Viajando a 28.100 km/h, um asteroide com 45 metros
de diâmetro passa hoje de raspão pela Terra. Em sua aproximação máxima, ele
estará mais perto de nós que os satélites usados para telecomunicações. Mas não
há risco de colisão. Ufa.
Descoberto no ano passado, o pedregulho batizado de
2012 DA14 é o último --e mais contundente-- dos alertas de que asteroides
oferecem risco real ao futuro da civilização (deixando no chinelo crises
hipotecárias americanas).
Em seu sobrevoo da Terra, ele passará a apenas
27.680 km da ilha de Sumatra, na Indonésia, às 17h24 (de Brasília). Apesar da
proximidade, ele é tão discreto que não poderá ser visto a olho nu.
No Brasil, à luz do dia, nem com a ajuda de
instrumentos será possível vê-lo.
Nunca um asteroide desse porte --capaz de causar
estragos-- foi monitorado passando tão perto da Terra. Isso dará aos astrônomos
uma oportunidade única de estudá-lo.
Para esse fim, o principal instrumento é o radar,
que permite um mapeamento de sua superfície durante a fase de maior aproximação
do objeto, que tem a largura de meio campo de futebol.
EVENTO TUNGUSKA
Embora asteroides com esse tamanho sejam incapazes
de provocar extinção em nível planetário (o bólido que matou os dinossauros 65
milhões de anos atrás tinha cerca de 10 km de diâmetro), o estrago em caso de
colisão pode ser grande.
Um exemplo disso foi o episódio ocorrido em
Tunguska, na Sibéria, em 1908. Um fenômeno equivalente à detonação de uma arma
nuclear na atmosfera provocou uma onda de choque que achatou 2.000 km2 de
floresta.
Acredita-se hoje que tenha sido um asteroide de
cerca de 60 metros de diâmetro, que nem chegou a colidir com o chão, mas se
quebrou no atrito com a atmosfera terrestre.
Caso
o 2012 DA14 estivesse destinado a trombar com o planeta, faria estrago similar.
Se a colisão ocorresse numa região habitada, seria uma catástrofe sem
precedentes. Mesmo caindo no oceano, seria um problema.
"Nesse
caso, só correr para as montanhas", afirma Cassio Leandro Barbosa,
astrônomo da Univap (Universidade do Vale do Paraíba), em São José dos Campos.
Seria a única maneira de fugir do tsunami resultante.
Com
sorte, no caso do 2012 DA14, como o objeto foi descoberto há um ano, caso
houvesse perigo de colisão, daria para tentar evacuar as regiões ameaçadas.
"Mas imagine o caos", diz Barbosa.
Pesquisadores
da Nasa estimam que uma colisão desse tipo aconteça em média a cada 1.200 anos.
Como a última foi há pouco mais de cem anos, o risco de outra tão já é baixo.
Mas não dá para descartar.
O
mais interessante, contudo, é que uma aproximação desse tipo, sem pancada, é
bem mais comum --uma a cada 40 anos.
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